Economia SC: Gustavo Roweder explica o funcionamento FIDC e recebíveis para PMEs

11/12/2025

Quem toca empresa conhece o filme: a venda acontece, o serviço é entregue, a nota sai… e o dinheiro entra só semanas (ou meses) depois. Só que as contas não esperam.

Em entrevista ao portal Economia SC, o CEO da Opera Capital, Gustavo Roweder, explica por que estruturas baseadas em recebíveis, como o FIDC, ganharam espaço justamente por causa desse intervalo entre vender e receber.

O que a entrevista do Economia SC deixa claro sobre 2026

Gustavo bate numa tecla bem real para quem vende para outras empresas: o gargalo costuma estar no tempo do caixa, não na falta de demanda. Quando o prazo de recebimento alonga, a empresa pode estar saudável no papel e, mesmo assim, ficar estressada no dia a dia.

E é aí que muita gente começa pesquisando “crédito”, pensando em empréstimo. Só que, na prática, o que a empresa quer é liquidez para atravessar um trecho específico do ciclo: o tempo entre faturar e receber.

Em 2026, com mais tecnologia na análise e mais cobrança por organização, esse tipo de busca tende a ficar mais sofisticada. Quem consegue mostrar documentos, contas a receber, histórico e ciclos com clareza tende a conseguir aprovações mais fáceis.

Tá, mas o que é FIDC?

FIDC é a sigla para Fundo de Investimento em Direitos Creditórios.

“Direitos creditórios” é um nome formal para uma coisa simples: recebíveis. Ou seja, valores que sua empresa tem para receber por vendas já feitas a prazo, com documentação que comprova a operação.

Porque recebíveis entram na conversa quando o gestor busca por “crédito”

Na entrevista, Gustavo descreve o cenário típico: empresas que vendem a prazo e precisam de caixa para comprar matéria-prima, manter produção, segurar o fluxo do mês.

Nesse ponto, recebíveis entram como alternativa natural porque já fazem parte do negócio. Em vez de resolver um intervalo curto com uma obrigação longa, a empresa olha para o dinheiro já previsto para entrar e avalia encurtar o tempo desse recebimento.

Quando a empresa pega um empréstimo tradicional, entra um dinheiro novo e fica um compromisso de pagamento por um período. Na antecipação de recebíveis, a lógica é outra: você traz para hoje parte do dinheiro que já está no seu faturamento futuro.

Como isso funciona na prática

Primeiro, a empresa vende a prazo e gera o recebível com documentação. Depois, esse recebível é avaliado como um ativo: regras comerciais, pagadores, histórico, consistência. Por fim, parte do valor é antecipada, transformando tempo em caixa.

Gustavo reforça: atendimento humanizado ainda é um diferencial

Uma parte interessante da entrevista é quando ele traz a discussão para fora da planilha. Ele conta que aprendeu cedo, no negócio do pai, o valor de reconhecer cliente, entender contexto e resolver com presença. E leva isso como tese: pequenas e médias empresas precisam de alguém que saiba resolver problemas que não cabem em um “formulário”.

Isso importa porque empresas mudam rápido. Tem devolução, tem atraso, tem sazonalidade, tem cliente grande apertando prazo. Em situações assim, proximidade não é “mimo”, é velocidade de entendimento. E velocidade, no financeiro, costuma sair mais barata do que retrabalho.

Tecnologia e IA: utilidade real, sem espetáculo

Gustavo trata tecnologia como ferramenta para tirar peso do operacional e acelerar decisões. A ideia é reduzir o vai-e-volta de informações, cruzar dados com mais rapidez e liberar tempo do time para fazer a parte que ainda é humana: entender o contexto de cada empresa.

Ele também comenta que, na prática, nenhum sistema pronto resolve tudo do jeito ideal. Por isso, parte da estrutura vira desenvolvimento interno: dados, BI, cadastro, modelos. É o tipo de coisa que o cliente não vê, mas sente quando o processo deixa de ser lento e burocrático.

Quando antecipar recebíveis faz sentido em 2026

Faz sentido quando o objetivo é bem definido: equilibrar o intervalo entre vender e receber, atravessar sazonalidade, sustentar um pico de operação sem travar o caixa. E quando o contas a receber está minimamente organizado.

Exige cuidado quando a margem já está muito apertada, quando a empresa está tentando esconder um desequilíbrio estrutural, ou quando a antecipação vira hábito automático para fechar o mês.

Erros comuns (e como evitar)

O erro mais comum é tratar recebíveis como “planilha que alguém atualiza quando dá”. Recebível é um ativo. Se você não organiza, perde qualidade.

Outro erro é usar antecipação como muleta permanente. Se toda semana precisa antecipar, vale olhar para preço, margem, prazo de venda, inadimplência e custo fixo.

Também atrapalha não conseguir explicar o próprio ciclo com clareza. Se você não descreve venda, entrega, documentação e recebimento em poucos minutos, tudo vira ruído.

E tem um erro que parece moderno, mas é velho: apostar que tecnologia resolve bagunça. Tecnologia acelera o que está organizado. Bagunça só aparece mais rápido.

FAQ

FIDC é empréstimo?
 Não. Ele se apoia em recebíveis: valores previstos por vendas feitas, trazidos para o presente conforme análise.

O que são direitos creditórios?
 Recebíveis: valores a receber por operações já realizadas e documentadas.

Por que isso é tão relevante no B2B?
 Porque o prazo é parte do jogo. O aperto costuma estar no intervalo entre vender e receber.

O que costuma travar uma antecipação de recebíveis?
 Documentos vencidos ou incompletos, regras comerciais confusas, histórico irregular e falta de rotina no contas a receber.

Tecnologia e IA substituem atendimento?
 Na visão apresentada, não. Elas reduzem retrabalho e aceleram a triagem para sobrar tempo para entender contexto.

Quando antecipação de recebíveis costuma ajudar?
 Quando há carteira com qualidade e o objetivo é equilibrar o ciclo de caixa, sem virar hábito automático.

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